Fala RH

Por que as empresas não dão respostas sobre os processos seletivos?

Entra ano, sai ano, e centenas de milhares de profissionais seguem reclamando que não recebem respostas sobre suas candidaturas para vagas de emprego. O problema não é novo, mas é grave.

Afinal, inscrever-se em um processo seletivo envolve energia, foco, tempo e às vezes, até gastos financeiros. No entanto, o comportamento de não oferecer retorno sobre uma decisão realizada não é problema exclusivo do mundo do recrutamento e seleção.

Entra ano, sai ano, e centenas de milhares de profissionais seguem reclamando que não recebem respostas sobre suas candidaturas para vagas de emprego. O problema não é novo, mas é grave.

Afinal, inscrever-se em um processo seletivo envolve energia, foco, tempo e às vezes, até gastos financeiros. No entanto, o comportamento de não oferecer retorno sobre uma decisão realizada não é problema exclusivo do mundo do recrutamento e seleção.

Tem gente esperando a confirmação de uma reunião; o feedback do chefe; o convite para uma audição; o aceite de uma proposta comercial; a apreciação de um portfólio de arte; a assinatura de um contrato; o resultado de uma contratação de serviços etc. Tem até pedido de namoro que fica “on hold” rsrs. Certamente, você já se viu em alguma dessas situações, aguardando uma resposta que não chegava, e sem ter uma data definida para readequar suas expectativas…

Nesses casos, é comum sentir que ficamos em “banho-maria”, esperando a evaporação lenta de nossas esperanças de sucesso, enquanto tentamos manter a compostura e a máscara de equilíbrio, entoando mentalmente o mantra “Eu a-cre-ditooooo…”.

Quando esse processo envolve um feedback relevante para os próximos passos da vida, a ausência de retorno pode ser ainda pior. É como se fôssemos corroídos por dentro. Não por curiosidade, mas por insegurança, incerteza sobre nossa capacidade, frustração, tristeza e até mesmo desespero.

Já foi cientificamente observado que a falta de informação é pior do que a confirmação de um resultado negativo para os gatilhos de estresse nos seres humanos.

Mas, então, por que a ausência de resposta é tão comum? Do ponto de vista organizacional, há alguns fatores principais:

1. Não é obrigatório Não há imposição legal dizendo que uma empresa tenha que notificar candidatos sobre o andamento do processo seletivo;

2. Desinteresse Há empresas que nem acreditam que devem dar esse retorno, pois, a partir de uma visão muito antiquada, julgam que uma vaga de trabalho é quase um “favor” oferecido aos candidatos;

3. Ineficiência Mesmo quando uma empresa tem cultura e valores humanizados, há falhas e processos que não funcionam direito;

4. Grande volume de dados Com o elevado número de candidaturas, fica bastante difícil para a área de recrutamento e seleção fazer o controle e tomar a decisão de manter a comunicação aberta. Já pensou se todos os candidatos(as) reprovados(as) escreverem de volta pedindo mais explicações?

5. Situações específicas da vaga A oportunidade pode ter sido congelada ou mudou de perfil ou aconteceu uma reestruturação interna etc. Nesses casos, o processo fica quebrado e a empresa não sabe exatamente como ou o que comunicar.

No entanto, além das questões organizacionais, há outro motivo para a falta de satisfação: nossa dificuldade de dar más notícias e desapontar as pessoas.

Por exemplo, você certamente já passou por alguma situação em que deixou de dar retorno para alguém sobre um compromisso (“a gente se vê na semana que vem” – #sqn), uma visita (“eu passo lá na sua casa” – #sqn), uma entrega (“depois levo o livro que você pediu” – #sqn), uma integração (“eu topo participar dessa ação” – #sqn) etc.

Isso acontece porque tendemos a nos poupar do desconforto de informar algo que possa desagradar outras pessoas. Na nossa lista de atividades diárias, passar uma informação que potencialmente terá um impacto negativo cai lá pro final. E vai ficando… vai ficando… É um mecanismo que pode parecer atencioso, inicialmente, mas na verdade é egoísta.

Quando não recebem uma resposta, os indivíduos ficam presos. Às vezes, concretamente, com agendas e recursos bloqueados, mas, também, do ponto de vista psicológico. Toda pessoa, de certo modo, fica refém da possibilidade de sucesso que se apresenta quando se inscreve em um processo seletivo ou quando faz uma oferta de trabalho ou venda.

Existe uma concentração de poder relevante, sobre a vida das pessoas, nas mãos de recrutadores, selecionadores, compradores e demais tomadores de decisão. Não reconhecer esse poder e não oferecer um feedback assertivo (em seu significado correto: direto e sem rodeios) é falta de respeito – além de ser uma péssima estratégia para a imagem da organização.

Atenção, empresas: a saída é assumir o compromisso individual e aplicar empatia. Não fuja da responsabilidade de comunicar boas ou más notícias, e compreenda a fragilidade da pessoa que depende da sua informação. Quem ignora isso, convenientemente, está sendo cruel.

Se não tiver jeito, fale de uma vez, mas chega de banho-maria. E você?

Já teve que ficar aguardando por uma resposta que não chegava nunca?

Por @pellaes – UOL

 

 

 

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